26 de fevereiro de 2011

Ser pai solteiro




Ser pai solteiro tem suas peculiaridades. Sábado de festa só são dois em um mês; nem marque nada com ninguém,  é voltar da aula ou do trabalho e ter uma princesa esperando você pra colocá-la pra dormir, é ter uma irmã um pai e uma mãe corujas que estão sempre ali pra ajudar você quando sua energia já esta acabando e a da Maria Cecilia ainda está alta, é chegar o sábado que ela vai passar com a mãe e a casa ficar num vazio num silencio maior do mundo, é você gostar de uma menina e ter medo de falar que já é pai e ela não querer mais você, é comer peixe que é a comida que ela mais gosta e sempre lembrar dela pedindo “pixinho papai!”, é recolher os brinquedos que estão espelhado no seu quarto e esperar segunda-feira para ela bagunçar tudo de novo...enfim são peculiaridades que me fazem perceber o quanto amo essa menina...e assim vou levando uma vida de pai solteiro.




Ser pai de uma menininha é:


. Saber que Barbie é mais sobrenome de boneca do que nome
. Fazer um curso básico de maquiagem
. Entender que a obsessão feminina por roupas e sapatos é inata.
. Saber os diferentes nomes do rosa
. Entender que as mulheres simplesmente não conseguem não seduzir
. Receber beijos carinhosos e abraços apertados sem nenhum motivo
. Começar a misturar as histórias da Branca de Neve e da Bela Adormecida
. Ser careca e ler tudo sobre cabelos cacheados.
. Encontrar bilhetinhos lindos embaixo do travesseiro e adesivos de coração grudados na TV.

Ser menina criada (também) pelo pai é:


. Amar seu time e saber de cor o hino
. Saber usar o computador e o celular desde bem cedo
. Levar revistas em quadrinhos pro banheiro e ficar lá quase meia hora
. Saber se divertir sozinha
. Saber desde sempre que gritar não é a melhor maneira de se comunicar
. Descobrir bem cedo a diferença entre meninos e meninas
. Entender que cerveja é a batata-frita dos adultos
. Não entender porque o pai, sendo careca, tem na gaveta do criado um gel.
. Saber que, existe sim, hora pra bagunça




Abraços...

16 de fevereiro de 2011

Cão! Cão! Cão!





                                                                                                         por Millôr Fernandes


Abriu a porta e viu o amigo que há tanto não via. Estranhou apenas que ele, amigo, viesse acompanhado de um cão. O cão não muito grande mas bastante forte, de raça indefinida, saltitante e com um ar alegremente agressivo. Abriu a porta e cumprimentou o amigo, com toda efusão. "Quanto tempo!". O cão aproveitou as saudações, se embarafustou casa adentro e logo o barulho na cozinha demonstrava que ele tinha quebrado alguma coisa. O dono da casa encompridou um pouco as orelhas, o amigo visitante fez um ar de que a coisa não era com ele. "Ora, veja você, a última vez que nos vimos foi..." "Não, foi depois, na..." "E você, casou também?" O cão passou pela sala, o tempo passou pela conversa, o cão entrou pelo quarto e novo barulho de coisa quebrada. Houve um sorriso amarelo por parte do dono da casa, mas perfeita indiferença por parte do visitante. "Quem morreu definitivamente foi o tio... você se lembra dele?" "Lembro, ora, era o que mais... não?" O cão saltou sobre um móvel, derrubou o abajur, logo trepou com as patas sujas no sofá (o tempo passando) e deixou lá as marcas digitais de sua animalidade. Os dois amigos, tensos, agora preferiam não tomar conhecimento do dogue. E, por fim, o visitante se foi. Se despediu, efusivo como chegara, e se foi. Se foi. Mas ainda ia indo, quando o dono da casa perguntou: "Não vai levar o seu cão?" "Cão? Cão? Cão? Ah, não! Não é meu, não. Quando eu entrei, ele entrou naturalmente comigo e eu pensei que fosse seu. Não é seu, não?"





Moral: Quando notamos certos defeitos nos amigos, devemos sempre ter uma conversa esclarecedora.


Abraços...

A má educação isola o país

                                                                                                       por Claudio de Mora Castro

A Revolução Russa propôs-se a criar o "paraíso socialista", cujo cardápio foi parido por intelectuais europeus. Na teoria, todos tinham direito a habitação, emprego, comida, escola e ópera. Mas a dieta era parca e o povão queria consumir mais. Daí a necessidade do que Churchill chamou de Cortina de Ferro, para não deixar que os russos bisbilhotassem o que consumia o mundo capitalista decadente. Para os xeretas, punições ferozes. Mas os seus líderes cometeram um erro, criaram também um estupendo sistema educativo para todos. Foi uma besteira, pois não houve maneiras de impedir um povo educado de ver o que acontecia do lado de fora. O resultado foi a estrepitosa queda do Muro de Berlim.

Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos. A garantia de isolamento do país está em uma educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo. Os que se aventuram ao exterior vão à Disneylândia, um mero parque de diversões, ou a Miami, uma sucursal do Brasil.

Há pouco, em uma universidade de elite, pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto das mãos do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação! Na Europa, a mesma pergunta levantaria todas as mãos. Os europeus passaram do bilinguismo para o trilinguismo. Na Islândia, são quatro idiomas. E o nosso controlador de voo que não sabia inglês!

Nossas universidades estão fora das listas das melhores, resultado da Cortina de Burrice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas europeias, muitos cursos são oferecidos em inglês. Conheci um sueco que fez seu doutorado em Estocolmo, há quatro décadas. Quando entregou o primeiro trabalho, no seu idioma, foi interpelado pelo professor: "O senhor não terá futuro acadêmico, se continuar a escrever nesta língua!". Visitei a fábrica Seiko (japonesa) na China. A língua oficial era o inglês. O mesmo em Toulouse, na fábrica do Airbus.

O resultado do nosso isolamento é uma indústria provinciana que não toma conhecimento dos avanços alhures. Há esforços heroicos, como uma construtora brasileira que comprou uma empresa no Canadá, para mandar estagiar seus engenheiros. Assim veriam como se constrói lá. Mas é a exceção.

Ao lermos as descrições feitas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, constatamos o primitivismo da nossa sociedade. Se a corte permanecia tosca, o interiorzão estava ainda mais distante do progresso social acumulado pela Europa, em 2 000 anos. Progredimos muito desde então. Mas as cicatrizes do atraso estão por todos os lados. Limitemo-nos a olhar os valores que a civilização ocidental amadureceu, em meio a guerras, perseguições e sangue. O que pode aprender um jovem que vai ao Primeiro Mundo, a fim de conviver com o povo, não com o guia nem com o motorista do ônibus do pacote turístico? Vejamos:

• O valor do futuro, de pensar no amanhã, ao invés do hoje (a essência da sustentabilidade do meio ambiente).

• O sentido de economia, de não esbanjar, de não se exibir, à custa do magro orçamento.

• O hábito automático de cumprir o prometido (um amigo tenista, no Rio, não encontrou os parceiros combinados para o dia seguinte. Em Washington, estavam lá para o compromisso combinado três semanas antes).

• Trabalho manual não é humilhante. Usar as mãos educa.

• Cumprir a lei, branda ou dura. Uma vez aprovada, é para valer.

• Respeito pelo próximo, no trânsito, no silêncio e em tudo o mais.

• Segurança pessoal (deixar o carro em um ermo e encontrá-lo ileso, no dia seguinte).

• Quem vigia tudo é a sociedade, mais do que a polícia.

• Profissionalismo. Há uma maneira melhor de fazer as coisas. O profissional a conhece e a aplica.

Desdenhamos tal herança e macaqueamos hábitos cretinos e modas tolas. Agora temos "delivery" de pizza e "sales" com preços imperdíveis. Importamos o crack, as tatuagens, o Big Brother e, de repente, saímos todos com uma garrafa de água mineral na mão, para socorrer uma súbita e fatal crise de sede, no quarteirão seguinte. Pelo menos as senhoras elegantes do Rio já não usam mais casacos de pele nas recepções.


* Claudio de Moura Castro é economista 

15 de fevereiro de 2011

Mubarak cai e o povo vence


Já faz algum tempo que venho defendendo a revolução pro democracia e contra o governo ditatorial de Mubarak no Egito e felizmente a população saiu vitoriosa, ostentando a força de que o povo unido lutando junto tem a força de um tigre que luta por seu alimento.
     
Hoje o Egito está sob o comando de um Conselho das Forças Armadas que deve organizar eleições em setembro, para enfim, o povo votar e escolher um presidente por via democrática.
        
Parabéns povo egípcio por essa vitória.

                             
                               Assistimos a uma revolução sem líderes no Egito                                                          
      
                                                                                                               por Arnaldo Jabor
        O mundo continua celebrar a queda do ditador Hosni Mubarak do Egito. Assistimos uma revolução ao vivo, on-line, onde estavam os comandantes? Não havia Lênnis nem Guevaras assistimos uma revolução sem lideres, o desejo de mudança saiu de dentro dos corpos da alma da população e este é um momento histórico novíssimo, os fatos se aceleram a consciência política viaja na velocidade da luz a informação instantânea global da internet substituiu lideres de massas os povos dominados por ditaduras ou teocracia vêem o invejável progresso cultural do ocidente e querem mudar também.
        
        Agora depois do êxito do encantamento vira a realidade, o que ira fazer o exército egípcio que recebe bilhões de dólares do usa há décadas, criando uma elite militar banhada em ouro? Será que entregaram o poder normalmente a uma união civil vitoriosa? E os revolucionários organizaram os seus desejos em plataformas políticas coerentes democráticas e possíveis?  Fala-se muito no modelo da Turquia para o Egito, mas lá a secularização do país custou vinte anos, estamos no começo, mas já sabemos que é possível sim! Uma população mudar a própria vida contra tiranias.
         
         Cada vez mais diminui o abismo entre estado e sociedade, a democracia é conseqüência da informação e virou hoje em dia quase que uma necessidade de mercado, mas esse espetáculo de beleza vitoriosa será inesquecível e influenciará não só no oriente médio, mas talvez no mundo inteiro.




Abraços...

11 de fevereiro de 2011

É muito paletó


Há alguns meses tinha uma formatura de um amigo para eu ir e cansando daquele velho traje de todos os casamentos e formaturas, resolvi verificar o preço de um terno novo, fui a alguns lugares de pessoas de classe media e o mais caro foi cerca de R$ 300 reais juntando uma gravata e uma camisa nova pra da uma variada saia por R$ 360 reais e fiquei bonitão com o traje, enfim nem comprei.

Mas o que isso importa pra alguém que entra pra ler esse blog... Nada né? Importa sim! Eu fico louco de raiva quando vejo um vereador receber a pequena contribuição mensal de R$ 9 mil reais por mês pra comprar um paletó de R$ 360 reais, já acharia um absurdo tirar essa quantia para seu próprio beneficio imagina R$ 9 mil reais. Tudo bem que tem todo aquele decoro de que o parlamentar tem que está vestido a caráter durante as sessões da camara, mas não é obrigado estar usando Armani, Lacoste, ou seja, lá o que for de mais caro e sim um terno, uma gravata, pode ser um da c&a e isso eu garanto que não custa R$ 9 mil.

Não sou muito bom de contas, mas fiz um levantamento aqui e obtive resultados não satisfatório, R$ 9 mil por mês pra cada um dos 21 vereadores custaria por mês aos cofres da prefeitura R$ 189 mil ao mês; em quatro anos custariam R$ 9072000 milhões, é muito terno em quatro anos, isso me faz ate pensar em largar a ciências sociais e fazer moda, colocarei um ateliê de paletó e to feito na vida.

O que mais me entristece é que muitas escolas da prefeitura é um caos, os postos de saúde da cidade sem médicos, o mercado central da cidade os ratos junto aos vendedores, uma chuva de meia hora inunda a cidade, as principais avenidas da cidade nos horários de pico é um carma, mas é melhor investir R$ 9072000 milhões em paletó do que em alguns destes problemas públicos acima mencionados e os gringos ainda dizem “a Brazil é muita legal!”


Abraços...

Publico e privado

Nessa onda de vereador ganhar R$ 9 mil reais por mês de auxilio paletó encontrei um artigo de jornal que mostra esse descaso dos políticos com o que é publico! Hà uma troca entre publico e privado ou seja o dinheiro publico usado para garantias do que é privado, no caso aqui PALETÓ.

Detalhe que esse artigo é de 1998.


Auxílio paletó

                                                                                        por José Pastore

Depois de uma dura negociação com os empresários da FIESP, os trabalhadores metalúrgicos conseguiram incluir na cesta básica 12 camisinhas. Numa época de tanta AIDS, os negociadores consideraram os preservativos como itens de primeira necessidade que, comprados no atacado, custam apenas R$ 3.
Perguntado sobre por que 12 - e não 10 ou 14 - Vicentinho disse que, segundo as estimativas da CUT, os metalúrgicos de São Paulo "transam" três vezes por semana, em média...
Na mesma semana, o País ficou sabendo que o Superior Tribunal de Justiça concede aos seus funcionários o "auxílio paletó". Trata-se de uma ajuda de custo para garantir o decoro no vestir e que varia de R$ 1.300 a R$ 2.059 por mês.
As diferenças entre a camisinha dos metalúrgicos e o paletó do judiciário são imensas. A mais gritante, obviamente, é a do preço - R$ 3 vs. R$ 2.059! Mas há outras.
A camisinha veste o artista uma só vez. Terminado o espetáculo, ela tem de ser descartada, não havendo tintureiro capaz de recuperá-la. Um paletó bem tratado, convenhamos, dura anos, podendo vestir o protagonista durante várias temporadas e nas mais diversas ocasiões, desde o trabalho até o casamento.
Uma outra diferença é que, no caso dos metalúrgicos o benefício é dado em espécie enquanto que no dos servidores é em dinheiro.
Mais uma diferença: para incluir as camisinhas na cesta básica, os pagadores (empresários) tiveram de ser convencidos de sua utilidade através de um processo de negociação. No caso do STJ, não me consta que o Presidente daquela Corte tenha consultado os contribuintes que pagam o benefício.
Se tivesse sido consultado, você concordaria em pagar R$ 2.059 para cada funcionário comprar 10 ternos por mês? Duvido que as lojas de Brasília tenham capacidade de fornecer 10 mil ternos todos os meses para os 1.000 funcionários do STJ.
Deixando a brincadeira de lado, o episódio ilustra a diferença entre o sistema negocial e o sistema estatutário no campo trabalhista. No primeiro, há pouca lei e muita negociação. No segundo, há muita lei e pouca negociação. Esse é o nosso caso. Temos um sistema legal que se preocupa em assegurar os resultados do jogo, quando o mundo moderno busca sistemas que garantam as regras do jogo.
Quando se garante apenas as regras, o resultado passa a depender dos jogadores. Durante o jogo (negociação), eles vão conquistar e ceder, acomodando os desejos com as possibilidades, de forma realista. O acordo é o encontro do ponto ótimo para as partes.
No sistema estatutário, os resultados são estabelecidos independentemente da realidade, como se as coisas do mercado pudessem ser inteiramente resolvidas pelas leis, e não pelas partes.
No Brasil, a Constituição e a CLT se preocupam só com os resultados, e não com o jogo. Nelas estão estabelecidos, por exemplo, o valor da hora-extra, do abono de férias, do aviso-prévio, assim como a extensão da jornada, das férias, das licenças e inúmeros outros resultados que, nos países modernos, são objeto de negociação e não de legislação.
A superproteção garantida por lei ou pela decisão unilateral dos superiores desemboca em rigidez e iniquidades, como é o caso do auxílio paletó do STJ que custa aos cofres públicos R$ 15 milhões anuais, enquanto a maioria dos trabalhadores brasileiros, depois de 35 anos de trabalho se aposenta com R$ 130 mensais.
Analise o caso friamente e responda: Você que é contribuinte e faz parte do jogo do qual estou falando, acha que o Brasil terá de evoluir em direção do auxílio paletó, fixado unilateralmente pelo Presidente do STJ, ou do auxílio camisinha, como foi negociado entre empregados e empregadores?


Abraços...

10 de fevereiro de 2011

O mito do amor materno

                                                                                                                                        por: Eliana Riberti Nazareth


Em “Um amor conquistado – o mito do amor materno”, Elizabeth Badinter nos mostra de maneira muito clara que o amor materno inato é um mito. Não é “dado”, mas sim, como deixa antever o título da obra, “conquistado”.

Porém, acreditamos em nosso imaginário que tal amor seja algo natural. Algo que nasce com as mulheres, verdadeiro apanágio feminino. Fala-se até de “instinto materno”. E coitadas daquelas que não o têm! Sofrem certo preconceito, pois falta-lhes qualquer coisa de fundamental!

Essa convicção se dá basicamente por duas razões.
A primeira é devido à imposição feita pela cultura, responsável pelo desenvolvimento do modelo de amor materno conhecido atualmente e com o qual temos convivido desde o século XIX.
A segunda, em uma relação de causalidade circular com a anterior, deve-se à necessidade de se idealizar a relação mãe-filho, idealização que obedece ao desejo de união perfeita, fantasia de completude que protege o indivíduo das ansiedades e medos mais primitivos de separação, abandono e perda.

Desse modo, a mãe é concebida como alguém puro a quem são atribuídos apenas sentimentos nobres de acolhimento, abrigo e continência no que diz respeito a sua cria. A criança é vista como um ser que se satisfaz total e plenamente com uma relação funcional com ela satisfazendo-a do mesmo modo. (Um exemplo do valor dado à tão sonhada relação, são as expressões artísticas cristãs que retratam sempre a Madona olhando o Menino Jesus com enlevo e este, por sua vez, retribuindo com adoração).

O caráter ambivalente e contraditório desse modelo de vínculo que reúne sentimentos de aprisionamento e possibilidade de individuação será enfrentado só bem mais tarde na vida, com a entrada do terceiro na relação diádica composta por mãe e filho, cujo primeiro representante e protótipo para os demais é o pai.

Contudo, o amor materno como o conhecemos atualmente, é aquisição bem recente. Os estudos trazidos por Badinter nos fazem ver que nem sempre foi assim. A mãe tinha mais uma função biológica que afetiva, ficando as crianças ao cargo de amas-de-leite que lhes garantiam a sobrevivência física, o suporte emocional e humanização.

A crença do amor materno instintivo, imaculado e incondicional terá importantes conseqüências no exercício da convivência entre pais e filhos, na visão de guarda e na dificuldade que se observa quando se apresentam modificações nos parâmetros de convívio estabelecidos como “naturais e corretos”, como veremos mais adiante.

Todo afeto para se dar precisa de proximidade física e emocional. Deve ser conquistado com e na convivência. É na intimidade das relações construídas no cotidiano que germina, cresce e frutifica.
E o amor materno não foge a essa regra. Não é decorrente, como se crê, da ação de algum instinto. É afeição que, como qualquer outra, necessita de reciprocidade desenvolvida em um relacionamento estreito e contínuo que assegure confiança e familiaridade aos que dele se nutrem.

Se o amor não é dado, não está garantido de antemão, não é fruto de geração espontânea, mas ao contrário, demanda empenho, cuidado e investimento dos que integram uma relação amorosa qualquer que seja ela – entre mãe e filho, entre amantes, ou entre amigos –, por qual motivo vê-se ainda com tantas reservas a atribuição da guarda dos filhos ao pai quando de uma separação conjugal? Talvez devido ao preconceito, medo de contrariar a prática usual, ou mesmo desinformação...
As noções que temos de como as funções e papéis sociais devam ser exercidos é resultado do que Pichón-Rivière (1985) denominou de representação da norma social designada. “[...] um imaginário social dado por idéias, imagens e estereótipos, isto é, representações simbólicas compartilhadas [...] com certa homogeneidade pelas pessoas da época histórica de que se trata”.

Devido à ação desses núcleos de significados imaginários que funcionam como lentes ou crivos de decodificação de comportamentos, alterar a visão de mundo e dos valores sobre os quais assentam as experiências, demanda um tremendo esforço e provoca desconforto não só naqueles que ousam mudar, mas também nos que os cercam.

Esse legado inconsciente e o mito do amor materno são em grande parte responsáveis por um lado, pelas mães que “deixam” a guarda para o pai, ou perdem a guarda sentirem-se, ou serem vistas como mães incompetentes, abandonantes e más e, por outro, os pais que reclamam a guarda, ou a “tiram” das mães sentirem-se, ou serem vistos como indivíduos cruéis e desumanos.

Ora, os atributos de afeto antes referidos não são prerrogativas do amor materno. Não estão adstritos a ele.
O amor paterno também é semeado, alimentado e aprendido no trato diário com os filhos. Nas oscilações da convivência, em meio à ambivalência, é construído e sustentado. Nada difere em possibilidade, da magnitude do amor materno.
Considerar que ambos os “amores” sejam conquistados, portanto legítimos e de igual qualidade não equivale a dizer que não haja diferenças entre eles. Afeto e função maternos e paternos têm suas especificidades por mais difícil que seja estabelecer distinções atualmente.

O que a criança precisa é de quem a olhe e veja como alguém de importância emocional, para nessa mirada poder reconhecer-se como alguém merecedor de amor e “amável”.
A cultura tem protegido as mulheres dando-lhes apoio, guarnecendo-as de modelos e ensinando-as a ser mães. O mesmo não tem se dado em relação ao pai. Abastecê-lo de modelos de paternidade próxima e emocionalmente responsável é desafio para todos nós, homens e mulheres.



Abraços...

Teoria do cara legal


G: porque as garotas não gostam dos caras legais?
C: vai ver é porque elas gostem de sofrer
G: ou então é porque os caras maus batem nos legais, ai quando vai ver só sobram os maus!

Moral da história... Não sei, mas depois elas dizem que todos os homens são iguais, escolhem os errados e os que se dizem “bons” entram no bolo, mas meninos bons, não se preocupem agente serve pra alguma coisa... pra casar.


Abraços...

7 de fevereiro de 2011

Amor, meu grande amor não chegue na hora marcada

Não sei se todos se sentem assim quando estao fragilizados emocionalmente, em palavras mais claras, quando se perde uma paixão? O que eu quero falar é que toda musica me faz lembrar você! Poderia classificar uma serie de musicas que indiretamente ou ocasionalmente toca e nos surpreende, é como se fosse feita para apreciarmos essa dor, quando estar tudo bem cantamos e nem nos damos conta o quanto aquilo toca a gente, mas quando estamos mal nossa é uma pancada sem tamanho eu falo de:

“Te dei carinho amor, em troca ganhei ingratidão” ou “eu vejo você se apaixonando outra vez eu fico com a saudade e você com outro alguém”, “eu só quero acabar com você”, “apesar de você amanha a de ser outro dia”, “preciso do seu amor, ai amor mais como preciso...”.

Assim uma serie de musicas, umas que mostram o quanto somos bichos sentimentais, emocionais, outras que mostram que o certo seguir em frente e deixar as lembranças no passado e outras que dizem para insistir naquela paixão, agente escuta e faz o que bem entender ai usa ate de uma frase de bêbado “eu vou beber para esquecer meus problemas”, porem por mais que nos faça sentir uma pontada na alma, nenhuma cura a dor momentânea que sentimos.


Abraços... 

3 de fevereiro de 2011

Super-Heróis e axiologia a verdadeira história

                                                                                                                                     por Nildo Viana
                   
      


A relação entre super-herói e “ideologia” (axiologia). Muitos já denunciaram o caráter “ideológico” dos super-heróis. Os nazistas, por exemplo, afirmaram que “o Super-Homem é judeu”. Sem dúvida, a era da super-aventura surge no período que antecede a Segunda Guerra Mundial. A necessidade de heróis de carne e osso para sacrificar sua vida na guerra criou a necessidade da fantasia dos super-heróis. O Super-Homem surgiu neste contexto e a afirmação dos nazistas é correta em um certo sentido: o Super-Homem não é judeu no sentido correto do termo, já que ele não possui religião (e nem no sentido nazista e ideológico do termo, já que o Super-Homem não é um ser humano, não poderia ser da “raça” dos judeus) mas é “judeu” no sentido de que realmente ele é inimigo dos nazistas e defensor dos Estados Unidos, devido ao fato dele simbolizar o “homem livre” norte-americano. Desta forma, ele assume a característica comum de todos os “inimigos imaginários” criados pelos nazistas, assumindo a forma de mais um “conspirador judeu”.
O caso do Capitão América é ainda mais esclarecedor. A sua origem, na ficção, ocorre durante a Segunda Guerra Mundial. Steve Rogers era um soldado que foi exposto a uma experiência científica que pretendia criar super-soldados norte-americanos para combater os seus inimigos na Segunda Guerra Mundial. Um soro foi criado para fornecer uma força sobre-humana aos soldados e a experiência com Steve Rogers apresentou os resultados esperados. O super-herói foi reforçado por um uniforme – que é inspirado na bandeira dos Estados Unidos – e um escudo poderoso. Ele foi responsável por inúmeras vitórias do exército norte-americano. Por fim, ele caiu numa geleira e ficou congelado por décadas, até que, por acaso, Namor, O Príncipe Submarino, em um momento de irritação com os seres humanos, joga para longe uma imensa geleira e esta derrete libertando o Capitão América, que passa a atuar em nossa época.
O Homem de Ferro também surgiu num contexto de guerra – a guerra do Vietnã – e foi no contexto desta guerra que Tony Stark foi obrigado a criar a armadura do super-herói, mais tarde alterada para uma cor e forma diferente. O seu caráter axiológico se encontra também na atividade enquanto indivíduo comum: “Tony passa a ser proprietário de um poderoso complexo industrial onde aperfeiçoa e constrói armas e materiais para guerra, em defesa do mundo capitalista”.
Mas, sem dúvida, a origem, o nome, a finalidade, a ação, as ligações com o poder oficial e o uniforme do Capitão América fazem dele o mais axiológico dos super-heróis existentes. A própria personalidade do Capitão América, marcada pelo “espírito de liderança” e “bom senso”, é expressão da axiologia norte-americana segundo a qual os Estados Unidos tem o papel de “líder mundial”. As histórias antigas do Capitão América durante a Segunda Guerra Mundial são extremamente axiológicas, e contam não só com a figura de Hitler e vilões poderosos (Caveira, Capitão Nemo, etc.) como aliados de confiança (Buck, O Patriota, Tocha Humana Original, Namor, etc.) como também aliados “duvidosos” na luta contra o nazismo, tal como o super-herói russo Guardião Vermelho, que até aparece conversando com outro ditador famoso da época, Stálin. Foi nesta mesma época que surgiu o herói Tio Sam, desenhado pela primeira vez pelo renomado Will Eisner e que fornece uma idéia do clima da época, pois o seu uniforme e nome, assim como os do Capitão América, já diz tudo.
Muitos heróis e super-heróis foram acusados de serem axiológicos (“ideológicos”) devido ao racismo que se vê em alguns deles e isto reflete, em alguns casos, a verdade. Estes e outros aspectos axiológicos podem ser encontrados em inúmeros super-heróis.
O gênero da super-aventura é acusado de ser “ideológico” (axiológico) por outros motivos, tais como o “anonimato social” (identidade secreta), o “exemplo social” do
super-herói, a imagem da sociedade como não sendo dividida em classes sociais, “mistificação do arsenal nuclear”, caráter atemporal das histórias.
Entretanto, consideramos que reside aí alguns exageros. O anonimato social ou identidade secreta (que, aliás, ao contrário do que pensa este autor, acompanha a maioria mas não todos os super-heróis), segundo o antropólogo Luís Fernando Baêta Neves, serve para demonstrar “a possibilidade de uma continuidade entre a vida quotidiana de qualquer indivíduo (de qualquer leitor, portanto) e a vida maravilhosa e plena de realização, de poder e de notoriedade de um herói sacralizado”. Desta forma, há um ocultamento da personalidade civil que se expressa no exercício de uma “profissão corriqueira”. Os super-heróis trabalham como qualquer cidadão (Baêta Neves cita Batman como uma exceção e se esquece do Homem de Ferro, que também é um milionário), mas não usam seus super-poderes para se manterem financeiramente. Por qual razão? Por dois motivos, segundo este antropólogo: a) se fizesse isso estaria rompendo com a axiologia que apresenta o trabalho como “dignificante e enaltecedor”, que é aquele que é realizado dentro da ordem social e das normas legais; b) a grande ação heróica aparece como “gratuita” e como “obrigação” de todos, servindo como “exemplo social”. Desta forma, tal aspecto da vida do super-herói se apresenta como axiológica e conservadora, pois apresenta uma falsa consciência da realidade e faz apologia da sociedade e dos valores existentes.
Esta visão apresenta alguns problemas. O “anonimato social” (identidade secreta) tem sua razão de ser na própria estrutura do gênero da super-aventura (e também dos heróis comuns) que é uma extensão da sociedade capitalista. Qual é a razão da identidade secreta? Em primeiro lugar, para proteger pessoas próximas do super-herói, que podem ser vítimas de seus inimigos. Os inimigos existem devido a luta pelo poder, a criminalidade, que são geradas pela desigualdade (social). Tendo-se em vista a existência dos super-vilões (quase que totalmente ausentes na análise de Baêta Neves) e a possibilidade de vingança, seqüestro, etc., nada é mais natural e necessário – numa sociedade caracterizada pela desigualdade e que por isso necessita de super-heróis – do que a identidade secreta. Em segundo lugar, existem super-heróis que estão bastante próximos do poder (Batman e Robin, Capitão América, etc.) mas a maioria possui uma relação ambígua com o poder. Basta citar os exemplos do Homem-Aranha e do Hulk para ver isto. De onde vem esta ambigüidade? Vem do fato de que a idéia de justiça e a ação do super-herói nem sempre está de acordo com a justiça oficial. Esta contradição entre a justiça oficial e a justiça do super-herói aponta para um questionamento da ordem jurídica-institucional e isto vai contra a argumentação de Baêta Neves.
O fato do super-herói trabalhar como qualquer cidadão não é tão genérico assim, pois, além dos capitalistas (Batman, Homem de Ferro) existem aqueles que simplesmente não trabalham (Namor, Hulk, Visão, Surfista Prateado, etc.). Além disso, a profissão exercida geralmente não é de tempo integral, pois isto dificultaria a ação do super-herói, tal como a de jornalista (Super-Homem, Homem-Aranha), advogado (Demolidor), médico (Thor), etc., ou seja, são free-lance ou profissionais liberais. Há também casos onde os super-heróis usam seus poderes para ganhar dinheiro: o jornalista Peter Parker
(Homem-Aranha) sempre usa suas habilidades para tirar fotografias para vender para o jornal O Clarim; a principal habilidade natural de Tony Stark (Homem de Ferro) é a intelectual, que ele utiliza como empresário, mas, mais importante que isso, o Homem de Ferro se apresenta socialmente como guarda-costas de Tony Stark (ou seja, de si mesmo em sua identidade de homem comum) e de suas empresas, o que significa que é um super-herói “por profissão”. Por fim, o fato da ação heróica ser “gratuita” e ser vista como “obrigação” não é, em si mesma, conservadora ou axiológica, pois num mundo onde tudo foi mercantilizado e o trabalho deve ser retribuído com dinheiro, este tipo de atividade “desinteressada” (no sentido de interesse pessoal egoísta) apresenta, na verdade, uma visão alternativa do trabalho. Daí seu “exemplo social” não ser problemático nem axiológico.
A afirmação de que a super-aventura transmite uma visão da sociedade como se ela não fosse dividida em classes sociais é questionável. Sem dúvida, a super-aventura não focaliza a questão social e nem os conflitos sociais mas nem por isso se pode dizer que ela apresenta uma visão da sociedade como destituída de divisão social. A própria existência de criminosos, de super-vilões, as causas das origens de alguns super-heróis e super-vilões apontam para a existência de conflitos sociais. O Homem-Aranha, por exemplo, após adquirir seus poderes os utiliza para ganhar dinheiro e é somente quando um familiar seu é assassinado por um criminoso é que ele resolve combater a criminalidade. Aí está presente a manifestação aparente de um conflito social mas o desenvolvimento das histórias acaba apresentando outros elementos para se observar as origens sociais da criminalidade e, por conseguinte, a visão das injustiças sociais.
Mas aqui aparece realmente uma visão axiológica da sociedade não tanto pelo fato de que a divisão social não é enfatizada e sim pela própria característica do heroísmo: o individualismo. As histórias dos super-heróis são histórias de indivíduos extraordinários e nunca de grupos sociais, tal como se vê na historiografia tradicional, que se caracteriza por retratar a história dos “grandes homens” e não a dos grupos sociais. Além do individualismo se revela aí um “desenraizamento social” do super-herói. Quando este desenraizamento se rompe, tal como no caso do Capitão América, o super-herói se vê forçado a assumir uma posição e, portanto, ficar ao lado de um dos grupos sociais existentes, que geralmente são os grupos dominantes e isto reforça o seu caráter axiológico. Jacques Marny colocou que a evolução interior dos heróis (e dos super-heróis, diríamos nós) no decorrer dos anos apresenta a tendência para se adaptar às normas sociais. Segundo ele:
“A tendência que se verifica na maior parte dos casos é para um alinhamento segundo as normas sociais. No princípio duma série, o herói é o homem marginal, o franco-atirador da ordem e da justiça. Mas há um dado momento em que colabora com as forças da ordem organizadas, tais como o exército e a polícia do seu país. Foi o que aconteceu com Tarzan, Flash Gordon, Superman, Terry, o Fantasma e muitos outros. Contudo, temos de ter em conta que esta colaboração episódica foi devida, na maior parte das vezes, as circunstâncias históricas, concretamente a última guerra mundial: o
herói mobilizou-se espontaneamente, visto que a luta contra as forças do mal requeria a união sagrada”.
Embora existam exceções (tal como Batman, que está sempre do lado da polícia, ouseja, do poder), é o momento histórico que faz com que o super-herói reencontre suas raízes sociais. Isto, no caso dos heróis (e aqui distinguimos herói de super-herói), é diferente, pois as suas características humanas extraordinárias mas não sobre-humanas fazem dele um ser enraizado socialmente e é por isso que se pode encontrar um herói de “esquerda” (tal como Robin Hood e Zorro, um lutando contra o despotismo feudal e outro contra a colonização espanhola) muito mais facilmente que um super-herói de “esquerda”.
A “mistificação do arsenal nuclear” é apontada por Baêta Neves como mais um aspecto axiológico da super-aventura:
“Quando se dá a atribuição de super-poderes por acidente e/ou experiência com arma altamente desenvolvida, ocorre, também, a mistificação e fetichização do arsenal nuclear. Isto se dá porque este é valorado de modo absoluto quanto a seu poder e quanto à irreversibilidade dos efeito que produz. Do lado do caráter de fetiche do instrumento nuclear pode-se ler, também, uma crítica liberal à atuação deste sobre o ser humano, que se deforma ao se expor a ele. Assim, dentro de uma posição tecnocrática dominante, aparece uma palavra de crítica que visa aplacar e não destruir a vigência da ideologia tecnocrática, mitificadora da técnica e da ciência”.
Existe na super-aventura, sem dúvida, uma visão ambígua da ciência (no que se refere às ciências naturais). Basta ver os casos de Hulk, X-Man, o Quarteto Fantástico, etc., para se compreender isto. O Hulk e o Coisa (membro do Quarteto Fantástico) são exemplos de uma crítica dos efeitos da ciência: a deformação do corpo humano. Neste caso se vê a contradição entre um efeito estético indesejável (ambos se transformam em figuras monstruosas do tipo Frankstein, que pode ser considerado o modelo seguido e o tema clássico da simbolização artística dos monstros que a ciência pode criar) e a potência adquirida. Estes dois super-heróis simbolizam a ambigüidade do desenvolvimento científico e que o “avanço” provocado por ela (domínio sobre a natureza e a sociedade) traz em si aspectos indesejáveis (a feiúra, mas que no caso pode ser considerado um símbolo da desumanização e do sentimento de culpa que acompanha a ciência, o que leva o indivíduo a se sentir “feio”). Mas, a nosso ver, o que a super-aventura faz não é uma crítica liberal à ciência e sim uma reprodução do caráter contraditório da ciência, que, ao mesmo tempo, realiza progresso e retrocesso, desenvolve o controle e o descontrole sobre o meio ambiente onde vive a humanidade (transformando-o e destruindo-o), melhora e piora a qualidade de vida e assim por diante.
A última questão colocada por Baêta Neves é o caráter atemporal da super-aventura. Os super-heróis estão fora da história, pois não vivem eventos em sua vida que se desenvolvem cronologicamente. Geralmente não se formam, não se casam, não tem filhos, etc. O mesmo ocorre com a sociedade onde eles vivem. Em primeiro lugar, é preciso colocar que existem muitas exceções e que recentemente isto começou a mudar, basta citar o casamento do Homem-Aranha como exemplo. Em segundo lugar, a estrutura própria da super-aventura dificulta o desenvolvimento de certos acontecimentos, pois casamento, filhos, etc., criam obstáculos para a ação do super-herói (tal como o trabalho em tempo integral). Em terceiro lugar, se o super-herói se desenvolvesse normalmente como um indivíduo comum ele seria muito mais axiológico do que já é. Em quarto lugar, se a sociedade se transformasse radicalmente, acabando com as desigualdades sociais e por conseguinte com a razão de ser da criminalidade e dos super-vilões, então acabaria a razão de ser do super-herói. A super-aventura possui uma temporalidade que é marcada pela seqüência sucessiva de aventuras, onde o passado não pode mais voltar mas explica o motivo de muitas ações presentes. Isto é axiológico? Ora, se imaginarmos um super-herói revolucionário que interfere nas relações sociais buscando a transformação social, a mesma coisa ocorreria. Se a desigualdade acabasse, o super-herói também acabaria. Isto é próprio da estrutura da super-aventura.
Mas uma análise do mundo dos super-heróis deve também distinguir entre os “mundos” povoados por diferentes super-heróis, tal como o mundo Marvel – da Marvel Comics, criadora do Homem-Aranha, Os Inumanos, Hércules, Magneto, Demolidor, Hulk, etc. –,  o mundo Detective Comics (conhecida pela sigla DC) – criadora do Super-Homem, Flash, Lanterna Verde, Homem-Borracha, Batman e outros. Estas são as duas mais poderosas fábricas de super-heróis. A DC Comics produz super-heróis e histórias não só mais simples como também mais axiológicas. A recém-criada Image (fundada por ex-desenhistas e roteiristas da Marvel) vem ganhando espaço e competindo com ambas com sua safra de super-heróis, cujo mais famoso é Spawn, que se transportou recentemente para as telas do cinema (Spawn, O Soldado do Inferno), mas também apresenta outros como Dragon, Hitchblade, Angela, etc. Esta nova fábrica de super-heróis se caracteriza pela alta qualidade do desenho e pela pobreza dos roteiros, além de possuir um caráter muito mais axiológico que as outras duas (para se ter uma idéia, a maioria dos seus super-heróis trabalham para a polícia e suas histórias são recheadas de anticomunismo grosseiro – o que não deixa de ser estranho, tendo em vista que ela surgiu nos anos 90 e se comporta como se o marcartismo ainda estivesse em moda e a URSS existisse e fosse ameaça — e pela expressão fascista “comuna” para se referir aos “comunistas”). Também poderíamos citar os fracassados super-heróis brasileiros, tais como Fantastic Man, Raio Negro, Mylar, Fantasma Negro, Capitão Atlas, Capitão Estrela, Mistyko, Hydroman, etc.
A sua estrutura, então, é que é conservadora? Julgamos que não, pois a estrutura da super-aventura reproduz a sociedade capitalista contemporânea e somente surgiu devido as condições sociais originadas dela. Mas a permanência da estrutura da super-aventura (e da própria super-aventura, o que é a mesma coisa) é resultado das contradições da própria sociedade contemporânea e o conservadorismo seria a ilusão de que não há mais contradições sociais e que, por isso, não há mais necessidade de super-heróis e super-aventuras.
Consideramos que a raiz dos equívocos de Baêta Neves se encontra no fato dele não ser um leitor de histórias em quadrinhos. Ele mesmo reconhece que sua análise foi baseada no Pequeno Dicionário dos Super-Heróis, artigo publicado na Revista Vozes, de Moacir Cirne, um especialista em semiologia dos quadrinhos. Fundamentar-se em um texto desta natureza sem ir à fonte é questionável, pois uma análise não pode se basear só em descrições estáticas retiradas de um dicionário, pois deve também ter acesso ao movimento vivo da super-aventura. Neste caso, uma tal análise só poderia provocar equívocos.
Por último, podemos dizer que a preocupação com o caráter axiológico da super-aventura e das histórias em quadrinhos em geral é legítima quando nos dedicamos a pesquisar tal fenômeno social; porém, todas as formas de manifestações culturais que são de ampla circulação (e que são transmitidas através de empresas oligopolistas de meios de comunicação de massas) são axiológicas e por isso a análise da super-aventura deve ir além da constatação óbvia do seu caráter axiológico. Deve desvendar seu processo de formação, suas características e o que mais existe no seu interior. Assim, a presente análise é incompleta. Aqui parece fundamental compreender a relação entre o mundo dos super-heróis e o inconsciente coletivo, tal como o definimos em outro lugar, de forma diferenciada de Jung.  Iremos apresentar tal relação em outro texto, complementar a este. Aqui fica apenas a análise do caráter axiológico do mundo dos super-heróis, um mundo imaginário que manifesta os valores dos seus criadores, que são os valores dominantes em nossa sociedade.






Abraços...

2 de fevereiro de 2011

Intifada...

A Intifada tem como tradução “revolta”, mas esse termo esta mais presente nos últimos anos, na revolta dos palestinos contra os israelenses, quando os palestinos jogam pedras e paus nos israelenses por estarem ocupando seus territórios.
 Já venho demonstrado nos últimos dias apoio ao egípcio que fazem protesto contra Hosni Mubarak, um governo de tanto tempo e a miséria continua a prevalecer tem de ser motivo de protesto, porém opositores e simpatizantes não necessitam fazer desses protestos mais um movimento de Intifada, já basta os palestinos e israelenses... Fora Mubarak!

Abraços...

1 de fevereiro de 2011

Novamente Sarney...


Para alegria geral dos Brasileiros “jura!”... José Sarney novamente para presidência do senado!
Impressionante a força política desse cidadão de 81 votos ele conseguiu 70 a seu favor, quase dono do Maranhão, parte para seu quarto mandato como presidente do senado.
O quadro político no Brasil não é nada animador é Romarios e Bebetos é Tiriricas, Paloccis e Mr. Sarneys! E o Sarney ainda fala em reformas política da pra acreditar nesse senhor?

Abraços...